“Sua bunda tá enorme”.“Essa cor faz você parecer um cadáver.” “A sua
celulite está parecendo um plástico bolha” Isso é o que eu gostaria de dizer à minha amiga quando ela me mostrou suas novas compras. Mas ela já tinha tirado as etiquetas e eu fiquei muda. “Que boas escolhas. Você ficou ótima! ” Procurar palavras gentis só não é problema quando se trata dos meus filhos. Fico preocupada e critico a minha família para que se vistam apropriadamente e causem boas impressões a todo mundo. Difícil é falar com as outras pessoas. Mas quanto mais velha, fico mais sensível para verbalizar minhas opiniões.
Você escolhe os seus amigos porque acha que eles são bons e tudo o que eles fazem você sente com o se fosse você mesma. Quero que as pessoas gostem de mim e pensem em mim como uma pessoa amável. Eu quero que todos se sintam bem e eu quero que todos queiram ser meus amigos.
Minha família já me conhece de sobra e sabe dos meus comentários, então eu não tenho necessidade de orquestrar uma nova persona. Eles não têm escolha senão aceitar quem eu sou. Mas este não é o caso com os meus amigos e conhecidos. Isso é o que compromete a minha sinceridade.
Minha amiga Beth é o yang do meu yin. Ela discorda completamente do que penso, da minha posição. Ela sempre que perguntada é absolutamente clara e honesta. Ela acredita que não há outra maneira de ser.
“Para adoçar a situação?” ela diz. “Se alguém me pergunta, é porque quer e merece uma resposta honesta. Eles estão pedindo. Não estou me oferecendo, não me manifesto sem ser solicitada. Se partisse de mim, seria uma história diferente. Isso me tornaria rude, mal educada.”
Beth é a pessoa a quem sempre vou pedir uma opinião, porque eu sei que vai dar uma resposta honesta. Acho que este tipo de honestidade pode ser gratificante. Por que não posso ser como a Beth? Eu acho que deve resultar de uma necessidade profundamente enraizada de ser amada e considerada. A ideia de eventualmente ferir os sentimentos de alguém me deixa extremamente desconfortável e triste. As pessoas já se sentem mal o suficiente sobre si mesmos, em geral. Por que vou colaborar com comentários negativos? Sinto-me melhor ao distribuir minhas mentirinhas. Elas não machucam ninguém, e fazem-me sentir uma pessoa ótima. Eu não posso imaginar que eu seja a única que faz isso. Sou?
Se quiser, pode me chamar de mentirosa. Faço isso com a melhor das intenções – para não ferir os sentimentos de ninguém. E esta é a única vez em que não estou mentindo… verdade!
Por Lauren Braun em www.purpleclover.com
http-//revistatrip.uol.com.br
Club50mais