Quando era jovem, uma mulher que fosse para cama logo no primeiro encontro era considerada uma vagabunda. Até hoje ainda algumas pensam assim. Eu mesma pensava assim. Depois de um divórcio penoso, fiquei apavorada com a possibilidade de me tornar uma tia envelhecendo sozinha. Passei a ter a idéia fixa de que tinha de encontrar alguém logo para uma relação duradoura. Mas ao mesmo tempo, não queria repetir os anos de tédio de meu casamento fracassado.
Tomei coragem e recorri a um site de encontros na web, tomando todas precauções recomendáveis. Localizei o Jorge Rios, que pelo perfil me interessou. Trocamos chats e ele me pareceu um bom homem. Também estava separado e vinha se recuperando de um divórcio traumático.
Marcamos um almoço no Viena. Ele era bem mais bonito do que nas fotos, elegante, educado, com senso de humor e o melhor parecia sensível. Era um feriado, ambos nossos filhos estavam com seus pais. Teoricamente teríamos muito tempo, mas eu já havia marcado uma jornada de meditação três horas mais tarde.
Conversamos muito. Contei que praticava meditação buscando me reequilibrar, ele me disse que havia feito vários cursos sérios e interessantes de massagem terapêutica.
Ele já estava me parecendo um cara muito legal, poderia ser meu amigo. Ainda tentando disfarçar minha timidez, perguntei se ele não gostaria de ir comigo a sessão de meditação. Lá sentou-se observando os meditadores. Durante a meditação, uma estranha vibração percorreu meu corpo por ondas e foi crescendo, até que não consegui mais meditar.
Nunca havia sentido algo assim, muito menos com um estranho. Minha respiração ficou descontrolada. Não sabia mais o que fazer. Só sentia claramente que precisava urgente que Jorge me tocasse, me abraçasse, que fizesse amor comigo.
No fim da meditação, esquecendo minhas auto-censuras, perguntei se ele não me faria uma massagem. Um pouco espantado disse: ”Nesse caso você vai ter de ir comigo a minha casa.Tudo bem para você”? Respondi: ”Mais ou menos. Mas vamos assim mesmo”.
A casa dele era uma graça. Charmosa, de bom gosto. Cheia de livros sobre espiritualidade, psicologia. Muitas fotos do filho, comecei a me sentir menos constrangida.
Jorge me levou até o quarto e me entregou algumas toalhas mornas, bem felpudas. Quando saiu, despi-me rapidamente e me cobri com a maior delas.
A massagem foi maravilhosa, suave, sensual. Parecia que já conhecia meu corpo. Não demorou para estarmos fazendo o melhor amor do mundo por muitas horas. Ele era perfeito, doce, parecia enamorado. Foi um prazer total.
Quando acordei, me convidou para jantar, neguei. Pela primeira vez em minha vida veio o meu prazer sem pensar no depois. Queria saborear sozinha aquele meu ato de independência. Me sentia muito bem comigo mesma. Percebi que o medo de ficar só havia se evaporado definitivamente. Senti-me até surpresa de como havia conseguido me entregar a sabedoria de meu corpo, sem precisar estar comprometida com a relação.
Quando ele ligou no dia seguinte, querendo me ver novamente, agradeci com carinho, mas disse que necessitava de um tempo para explorar aqueles meus novos sentimentos e mulher livre. Ele parece que compreendeu e me deixou a vontade para que ligasse, se algum dia tivesse vontade.
Meditando sobre tudo isto acabei entendendo que sexo e espiritualidade estão muito interligados, se abandonarmos preconceitos moralistas. Percebi também que posso ter sexo sem precisar obrigatoriamente estar me comprometendo com alguém por qualquer tempo que seja. Deliciosa independência que toda mulher deveria conquistar. Não preciso mais estar sujeita a julgamentos ou bobas regras sociais para viver minha vida a pleno.
Tudo isto me devolveu auto-estima, recuperou minha autenticidade. Aos 50+ concluo que os tempos mudaram muito, pelo menos para mim.
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