Nossa sociedade de consumo adora sorrisos, beleza e limpeza. É muito exigente com os seres humanos que precisam estar sempre alegres, limpos, bonitos e contentes. Entao, falamos assim para os outros: Tudo bem? E a resposta é: Tudo bem.
Ninguém diz assim: Tudo bem, fora todas as coisas. E que coisas são essas? Os acontecimentos da vida que muitas vezes chegam para nos deixar tristes, com a cara amassada e vermelha de chorar, são perdas de muitas ordens. Perdemos parentes, amigos, filhos às vezes.
Perdemos emprego, credibilidade social e dinheiro.
Nos separamos de nossos amores por imigração, por separação matrimonial, por descuido.
Somos descuidados com os outros muitas vezes, falamos muito de nós mesmos e não escutamos o que o outro quer dizer dele próprio.
Não queremos ouvir desculpas nem pedir. Não queremos escutar lamentos, porque reativam os nossos lamentos, a nossa fragilidade fica exposta na fragilidade do outro.
Quanto ego temos quando somos mais jovens!
Mas agora, na nossa maioridade, nós que já passamos dos 50, 60, 70, 80 anos, precisamos baixar nosso senso crítico que são esses defeitos civilizatórios e deixar as nossas fragilidades expostas. Deixar os outros sentir que precisamos deles.
Somos gregários, adoramos estar junto de alguém que confiamos e quando estamos perto desse alguém, predomina sempre essa superioridade de que estamos bem, de que estamos ótimos. Mas nem sempre estamos ótimos, não é? Na maioridade vivemos muito sozinhos e nem sempre damos conta da nossa solidão.
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Deixar nossa fragilidade aparecer para o outro, para os amigos, para os filhos, para nossa empregada quer dizer deixar nossa humanidade aparecer. Como somos todos humanos, não somos apenas essa fortaleza, esse homem forte ou essa mulher madura e independente que queremos aparentar, somos também nossas fragilidades, por maiores ou menos que sejam.
O dia está belo, o sol brilhante, a vida está aí para ser vivida lindamente.
E é por isso mesmo que a nossa humanidade pode estar inteiramente aparente como o brilho do sol, como o dia, como o amor que sentimos pela humanidade.
Marilda Machado
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